Era uma vez
um menino chamado Tito que morava em uma terra muito distante junto de sua mãe. O
garotinho tinha 9 anos de idade e era muito implicante, vivia dizendo que formigas
eram animaizinhos desprezíveis e que um dia ele iria acabar com todas elas. E isso
ele deixava bem claro para todo mundo que o conhecia.
Tito tinha
uma mãe muito amorosa que sempre dizia que as formigas, apesar de serem animais
muito pequeninos, também tinham suas famílias. Sendo assim, o menino
precisaria pensar duas vezes antes de maltratar um animalzinho tão frágil, não
é mesmo? Não. Tito não dava ouvidos para o que sua mãe falava.
Certa noite,
enquanto comia uma deliciosa fatia do pão que sua mãe fizera, Tito ficou muito
inconformado porque viu uma pequena formiguinha carregando algumas migalhas do
pão que ele deixara cair sobre a mesa. Para ele, a formiguinha estava se
apropriando de algo que não era dela.
Quando foi
dormir, Tito subiu as escadas resmungando:
__Formiguinha
abusada! Veio roubar o meu pão. Juro que se eu pudesse ficar bem pequeno, iria
visitar a casa dessa formiga e dizer-lhe umas verdades.
Então,
enquanto Tito dormia, veio sobre ele um poder sobrenatural que até hoje não se
sabe sua origem, encolhendo o menino ao tamanho exato da formiguinha. Quando
acordou, o menino viu-se muito pequeno em relação a tudo o que havia a sua
volta. Era tudo muito grande, tão grande que o seu travesseiro parecia com as
montanhas que ele via pela janela. O tapete de veludo do seu quarto era imenso, como
um oceano de pelos.
Então, muito
assustado, Tito escalou sua cama, descendo pela ponta do lençol, indo parar
próximo ao criado-mudo. Foi então que ele começou a gritar:
__Socorro,
mamãe! Socorro!
Mas os
gritos de Tito eram muito fraquinhos e sua mãe não podia ouvi-los,
pois da mesma forma que o menino havia encolhido, sua voz também havia ficado
fraca.
Nessa
hora, eis que surge uma aranha muito traiçoeira chamada Elvira e
pergunta ao garoto:
__Você
não é aquele menininho esperto que sempre toma café sentado naquele sofá, perto
da estante? Olha, eu te acho um garotinho muito esperto, sabia?
O menino
achou aquilo tudo muito bom, afinal conseguiu fazer amizade com uma aranha e
ainda receber elogios dela. E foi com um elogio aqui, outro agrado ali que
aranha foi conquistando o garoto. Mas que pena! Mal sabia ele dos planos
maléficos de Elvira, ela queria mesmo era devorá-lo.
Ao
ver-se sozinho, Tito aceitou o convite da aranha para visitar a teia que ela
acabara de construir. A teia ficava próximo a uma chaminé de um
fogão à lenha. Ao chegar à teia, a aranha falou ao menino:
__Olha, você
pode deitar aqui na minha teia, eu deixo! Se quiser, poderá até
tirar um cochilo.
O menino
deitou na teia todo animado. Mas, de repente, ele notou que seu
corpo estava grudando na teia, com uma espécie de cola. Quanto mais ele se
mexia, mais grudava naquela coisa embaraçosa e gosmenta. Então, já desesperado, Tito
gritou, esperneou e tentou de tudo que era jeito sair daquela armadilha, mas
nada adiantou. A teia havia sido bem preparada e não seria fácil sair dali sem
a ajuda de alguém.
De repente,
a aranha aparece cantarolando com garfo, faca e temperos nas mãos, pronta para
preparar Tito para o almoço. Quando o menino já havia gritado muito
e parecia não haver mais esperança, ouviu-se um barulho: Pow! E lá se foram a
aranha Elvira e uma formiguinha, brigando e rolando no chão. Foi de arrepiar!
Foi uma gravata, um cruzado de direita e outro de esquerda, uma rasteira, era
perna para tudo que é lado. Bastaram alguns minutos e pronto! O que
se viu foi uma aranha de joelhos pedindo perdão a uma formiga valente.
A formiga
foi até a teia e salvou o menino e o levou para casa, onde preparou uma bela
sopa, feita justamente com as migalhas de pão que Tito deixava cair enquanto
comia. Assim que Tito começou a comer a deliciosa sopa, sentado em uma mesa
redonda, feita com um botão de camisa, apareceram duas formiguinhas pequeninas
e o abraçaram, dizendo:
__Você
é o amigo que o papai foi salvar da aranha malvada?
Tito
não se conteve de emoção ao ser considerado como amigo por aqueles que ele mais
detestava. Após receber todo aquele carinho, ele abraçou as jovens formiguinhas
e disse:
__Sim, eu
sou amigo do seu pai.
Então,
eles comeram a sopa juntos.
Quando a
noite chegou, Tito adormeceu em um sono profundo. No outro dia bem cedo, ele
acordou assustado, já de volta ao seu tamanho normal, perguntando a si mesmo
onde estavam aquelas formiguinhas tão gentis. O garoto desceu correndo as
escadas e foi direto para a cozinha. Ao chegar lá, pegou um pedaço de pão e
levou para as suas novas amiguinhas. A mãe de Tito ficou muito surpresa e feliz
com a atitude do filho. Desse dia em diante, Tito e as formigas viveram uma
grande história de amizade e companheirismo.
Moral da história: é preciso conhecer
bem as pessoas antes de julgá-las.
Renan Gotardo Filipe
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