sábado, 18 de abril de 2020


A literatura é tradicionalmente divida em escolas literárias ou estilos de época. Essa divisão acontece para facilitar o estudo da disciplina, pois agrupa os escritores de acordo com características estilísticas, temáticas e, é claro, o contexto histórico.
A literatura brasileira pode ser dividida genericamente em duas eras:
 Era Colonial (de 1500 a 1808), representa toda literatura produzida no Brasil colônia, quando ainda não possuíamos identidade literária e sofríamos grande influencia da Europa.
Principais escolas do período:
·         Quinhentismo (de 1500 a 1601);
·         Barroco (de 1601 a 1768);
·         Arcadismo (de 1768 a 1808).

Era Nacional (de 1808 em diante), representa uma literatura genuinamente brasileira, livre da influencia europeia, preocupada em retratar as características sociais, culturais e linguísticas do Brasil.
Principais escolas do período:
·         Romantismo (de 1836 a 1881);
·         Realismo ( de 1881 a 1893);
·         Simbolismo (de 1893 a 1922);
·         Modernismo (de 1922 a 1945);
·         Tendências contemporâneas .




a)    Grandes navegações;
b)    Auge do renascimento;
c)    Ruptura da igreja (reforme, contrarreforma e inquisição);
d)    “Descoberta do Brasil “.

A literatura do período quinhentista também é chamada de literatura de informação, sendo forte a presença das crônicas de viagem. A principal característica desse período é a literatura voltada para a informação, tanto que os principais gêneros textuais utilizados para este fim eram os diários, os relatórios e cartas.
Uma das figuras importantes desse período foi Pero Vaz de Caminha, escrivão da nau de Pedro Alvarez Cabral. Devido à função que ocupava, Caminha tinha a responsabilidade de anotar e relatar,  diariamente, tudo o que via.  E assim ele fez desde a saída das embarcações de Portugal até a chegada no Brasil.  No entanto, foi ao colocar seus pés em solo brasileiro que Caminha fez um dos seus relatos mais importantes, ao detalhar as características da nova terra. Há afirmações de que a carta de Pero Vaz de Caminha foi o primeiro documento redigido no Brasil.
A carta é chamada por muitos historiadores de “certidão de nascimento do Brasil”.  Dentre as muitas informações sobre a nova terra que Caminha cuidou em transcrever para o papel, algumas merecem destaque, pois aos seus olhos causaram grande impacto. Minuciosamente ele relata sobre:
·                   A nudez das índias: o que era comum para os índios, para os portugueses causou grande inquietação e surpresa, principalmente ao ver a forma ingênua com que os nativos andavam nus na natureza. Infelizmente, essa ingenuidade também foi um fator que fez com que surgissem casos de molestação.sexual e os primeiros casos de miscigenação entre europeus e o homem selvagem no Brasil.
·                   Antropofagia (canibalismo): apesar de não ser algo incomum entre os selvagens para aquela época, Caminha descreve ,em sua carta, detalhes que chamaram muito a atenção em relação ao canibalismo dos índios daquele tempo, principalmente em relação aos rituais que eram realizados. A forma como o sangue era retirado, como era feito o escalpo, quais partes os índios comiam, quais eram entregues às crianças e quais eram para as os mais velhos,  etc.
·                   Os rituais: Caminha também se impressionou e fez questão de relatar que entre os índios havia, para cada ocasião, um ritual. Quer seja ao realizar a união (casamanto), quer seja para o início de uma batalha, os índio se preparavam, tomavam emulsões de plantas, enfeitavam seus corpos  com penas e pinturas como forma de preparação ou celebração em função do momento. E isso atraiu a atenção de Caminha que descreveu minuciosamente,
Em suma, a carta de pero Vaz de caminha não descreveu apenas a fauna, a flora ou as características geográficas do Brasil,, mas também procurou transcrever, em detalhes,aspectos culturais e sociais dos povos indígenas com os quais teve contato.




Foi o período que esteve ligado com a chegada dos jesuítas ao Brasil com a missão de catequizar os índios, ou seja, converter os indígenas à cultura europeia.  Uma contribuição importante desse período foi a proteção que os jesuítas deram aos índios. O empenho em lidar com os nativos era tamanho que muitos padres se empenharam em aprender a língua dos índios locais e ate um dicionário tupi foi criado para melhorar a comunicação.
Pelo fato de os índios serem pouco resistentes fisicamente e não suportarem o trabalho pesado, os portugueses cruzaram o atlântico e buscaram, à força, os africanos, que eram mais fortes e sabiam lidar com as ferramentas utilizadas na exploração da terra. Por esse motivo, os jesuítas se dedicaram apenas aos cuidados com os índios, deixando os africanos escravizados a mercê da exploração portuguesa.

DESTAQUES DO PERIODO:
·         Companhia de Jesus ;
·         Relação com a contrarreforma.




Foi um dos primeiros padres a chegar ao Brasil. Anchieta investiu em pequenos poemas e canções, mas o seu trabalho mais importante foi por meio dos autos, que eram pequenas encenações teatrais, com cunho pedagógico e educativo. Os autos tinham como função chamar a atenção do índio para a cultura do homem branco e porque ela seria tão  importante.
Anchieta trabalhava pautado na utilização da bíblia como fonte de conhecimento,fortemente em observação nos textos do antigo testamento. Em cada uma dessas encenações o padre utilizava-se de passagens da bíblia e, principalmente, da vida de Jesus. Também eram usadas exemplos de santos  considerados importantes pelos católicos de Portugal.



PINTURA DA PRIMEIRA MISSA REALIZADA NO BRASIL




Barroco é o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente.
Na Europa, o período foi marcado pela contrarreforma , que foram as diversas reformas que aconteceram dentro da igreja católica em resposta à Reforma Protestante de Martinho Lutero.
Lutero, assim como muitos monges da época, não concordava com a “venda do perdão” e, muito menos, com a exploração que seus conterrâneos estavam submetidos. Com isso, em outubro de 1517, Lutero afixou na porta do castelo de Wittenberg suas famosas 95 Teses. Nelas, o monge alemão, defendia a extinção das indulgências e condenava o luxo de que desfrutava o papa em Roma. Para surpresa do alto clero romano, Lutero obteve o apoio de praticamente todos os setores da sociedade alemã.
Com isso, o papa Leão X exigiu que Martinho Lutero se arrependesse e se retratasse. Como o monge  negou-se, foi excomungado (expulso da Igreja) pelo papa. Fato que levou uma série de nobres alemães a se desligarem da Igreja de Roma.
Para Lutero, a salvação era fruto direto da fé do cristão em Deus. Ao contrário do que defendiam os católicos, para o reformador, não havia intermediários entre os homens e Deus. A salvação somente poderia ser alcançada pelo relacionamento entre o fiel e Deus. No entanto, a igreja católica julgava-se a intermediadora entre o homem e Deus, mas Lutero afirmava que ela apenas era quem indicava o caminho até o Senhor.
O barroco, em virtude desses acontecimentos, acaba refletindo o dilema vivido pelo homem do século XII. Não se sabia o que o homem mais desejava, se eram os prazeres da carne, da vida terrena, ou se manter santo para uma vida eterna. Todo esse cenário serviu de influência para as artes, que tiveram seus valores estéticos estimulados por todos esses acontecimentos.


   O BARROCO NO BRASIL

O Barroco: século XVII
Contexto Histórico
Características
Principais Autores
-Contrarreforma;
-Renascimento.


- Conflito entre corpo e alma;
- Passagem do tempo;
- Cultismo e conceptismo;
- Figuras de linguagem.
- Gregório de Matos Guerra;
- Padre Antônio Vieira.







 

CONTEXTO HISTÓRICO


·         Ocorre na Bahia: até então era a capital do Brasil e a maior cidade brasileira da época;
·         O ciclo da cana-de-açúcar: foi o primeiro grande ciclo econômico do pais;
·         Invasões holandesas : choque cultural a partir das invasões .

 CARACTERÍSTICAS


·         Conflito entre corpo e alma: esse foi sem dúvida o maior conflito dentro do barroco. Todas as dicotomias como corpo e alma, céu e inferno, Deus e o inimigo, são frequentemente tratadas e apresentadas na arte barroca.
·         O fluir do tempo: trouxe ao homem a reflexão da importância do tempo em sua vida e, também, da importância de sua passagem por esse tempo.
·          Tensão, angústia existencial e medo da morte: traz ao homem uma série de preocupações e indagações, principalmente em relação à sua existência e com a morte. O homem da época começa a se indagar do que viria após a morte.

   CORRENTES BARROCAS

 

CULTISMO


Predominante na poesia, o cultimo caracteriza-se pela elaboração muito rebuscada da linguagem. Os poetas utilizam três artifícios: jogos de palavras; jogos de imagens; jogos de construção. 
Era também conhecido como gongorismo, por ter aceitado expressão máxima na poesia do poeta espanhol Luís de Góngora. 
 Exemplo do estilo cultista:
*Reparem no jogo de palavras promovido pelo poeta.

"O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.


Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica todo."

(Gregório de Matos)

 CONCEPTISMO


 O conceptismo, também conhecido como quevedismo predomina nos textos em prosa. Para deslumbrar o leitor com desenvolvimento de um raciocínio, o escritor conceptista recorre a comparações ousadas. O resultado dessa elaboração do raciocínio muitas vezes dificulta a compreensão.
   *Os sermões do Pe. Antônio Vieira são manifestações do conceptismo barroco. Exemplo do estilo conceptista:
*Premissa maior: amor infinito de Crismo salva o pecador./ Premissa menor: sou pecador./ Conclusão: espero me salvar.
"Mui grande é o vosso amor e o meu delito;

Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Essa razão me obriga a confiar
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar."

(Gregório de Matos)

    PRINCIPAIS  AUTORES DO BARROCO BRASILEIRO



Gregório de Matos (1636-1695) Foi o maior poeta do barroco brasileiro. Desenvolveu uma poesia amorosa religiosa, mas se destacou por sua poesia satírica, constituindo uma critica a sociedade da época, recebendo o apelido de "Boca do Inferno".
Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador, então capital do Brasil, na Bahia, no dia 23 de dezembro de 1636. Filho de pai português e de mãe brasileira foi criado no meio de uma família rica e influente de senhores de engenho. Foi aluno do Colégio da Companhia de Jesus onde estudou Humanidades.



OBRAS DO AUTOR

A poesia religiosa de Gregório de Matos é sempre a poesia do pecador que se ajoelha diante de Deus, com um forte sentido de culpa, como no soneto: 
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Poesia Lírica Amorosa de Gregório de Matos expressa o idealismo amoroso revelando uma sensualidade ora grosseira, ora de rara fineza, como no soneto dedicado a Maria dos Povos:
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca, o Sol e o dia:
Enquanto com gentil descortesia,
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança brilhadora,
Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade
Que o tempo trata a toda ligeireza
e imprime em toda a flor sua pisada.
Ó não aguardes que a madura idade,
Te converta essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.


A Poesia Satírica de Gregório de Matos constitui uma crítica à sociedade baiana, da qual ele se sentia um censor e uma vítima. Sua linguagem é livre, espontânea e às vezes agressiva.

Sátira aos Sebastianistas

Estamos em noventa, era esperada
De todo o Portugal, e mais conquistas,
Bom ano para tantos Bestianistas,
Melhor para iludir tanta burrada.
Vê-se uma estrela pálida, e barbada,
E deduzem agora astrologistas
A vinda de um rei morto pelas listras,
Que não sendo dos Magos é estrelada.
Oh quem a um Bestianista pergunta,
Com que razão, ou fundamento, espera
Um rei, que em guerra d’África acabara?
E se com Deus me dá, eu lhe dissera:
Se o quis restituir, não o matara,
E se o quis não matar, não o escondera.




Considerado por Fernando Pessoa como o “Imperador da Língua Portuguesa”, Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e entrou para a Companhia de Jesus.







Por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão pela Inquisição, onde ficou por dois anos.
Apesar de Vieira ser português, a qualidade e a riqueza de suas produções o colocaram no hall dos melhores autores tanto de Portugal como também do Brasil.
Sua obra é dividida em três partes: cartas, profecias e sermões.

 

 SERMÃO DA SEXAGÉSIMA

(excerto)

Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda a arte e a toda natureza? Boa razão é também esta. O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Por isso, Cristo comparou o pregar ao semear. Compara Cristo o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte.
Já que falo contra os estilos modernos, quero alegar por mim o estilo do mais antigo pregador que houve no Mundo. E qual foi ele? O mais antigo pregador que houve no Mundo foi o Céu. Suposto que o Céu é pregador, deve ter sermões e deve ter palavras. E quais são estes sermões e estas palavras do Céu?
– As palavras são as estrelas, os sermões são a composição, a ordem, a harmonia e o curso delas. O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, de outra há de estar negro; se de uma parte está dia, de outra há de estar noite? Se de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer não subiu. Basta que não havemos dever num sermão duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário? (...)
Mas dir-me-eis: Padre, os pregadores de hoje não pregam do Evangelho, não pregam das Sagradas Escrituras? Pois como não pregam a palavra de Deus? – Esse é o mal. Pregam palavras de Deus, mas não pregam a Palavra de Deus.


 ARCADISMO/NEOCLASSICISMO

Escola literária que surgiu na Europa no século XVII, mais precisamente entre os anos de 1756 e 1825. Diferentemente do Barroco, que representava um homem em conflito, vivendo em constante dilema entre o terreno e o celestial, entre a vida e a morte, entre o pecado e a santificação,  o Arcadismo exalta a natureza e tudo o que lhe diz respeito, buscando uma vida de equilíbrio.
O nome arcadismo é uma referência à Arcádia , região campestre do Peloponeso , na Grécia antiga, tida como ideal inspiração poética.

1.1.      CONTEXTO HISTÓRICO NA EUROPA:

·         Século das luzes (iluminismo);
·         Revolução francesa;
·         Revolução industrial;
·         Independência norte-americana. 

1.2.         CONTEXTO HISTÓRICO NO BRASIL:

·                Ouro Preto-MG (Vila Rica);
·               Ciclo na mineração (ouro);
·               Inconfidência mineira (impostos);
·               Expulsão dos jesuítas (Pombal)

1.3.      CARACTERÍSTICAS

·         Busca pela simplicidade;
·         Imitação da natureza;
·         Imitação dos clássicos;
·         Ausência da subjetividade;
·         Amor galante;
·         Bucolismo;
·         Pastoralismo.
Expressões características
PENSADORES DA ÉPOCA:

Lócus amoenus: lugar ameno/tranquilo;
Fugerem urbem: fugir da cidade;
Inutilia truncat: truncar o inútil;
Carpe diem: aproveite o dia.
Ø  Montesquieu (política)
Ø  Voltaire (filosofia)
Ø  Rosseau (música)


1.4.      CICLO LITERÁRIO DO PERÍODO

Até o período Barroco não havia ciclo literário no Brasil, ou seja, havia escritores, mas não havia leitores em potencial para as obras, pois a sociedade brasileira da época era formada, em sua maioria, por povos indígenas e escravos.
Foi a partir no último período da era colonial brasileira que o ciclo literário começo a se fechar, com o aparecimento dos leitores. Isso se deu graças ao surgimento das primeiras escolas e, consequentemente, o letramento dos indivíduos.


1.5.      PRINCIPAIS AUTORES E PRODUÇÕES

1.      LIRISMO
Ø  Claudio Manoel da Costa
v  Obras poéticas;
v  Vila Rica.
Ø  Tomas Antônio Gonzaga
v  Marília de Dirceu;
v  Cartas chilenas.


1      ÉPICO
Ø  Basílio da Gama
·         O uraguai.

Ø  Frei Santa Rita Durão
·         O Caramuru.

   
            ROMANTISMO

Romantismo foi primeira escola literária da era brasileira e um dos principais movimentos de arte do século XIX e, no Brasil, teve como marco inicial a publicação da obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Possuindo manifestações tanto em prosa quanto em verso, o Romantismo brasileiro é considerado um dos principais marcos da Literatura em nosso país.
Uma das razões para isso é a importância da estética romântica para o momento histórico em que essa arte está inserida no Brasil: a chegada da Família Real e a reclassificação do território nacional, deixando de ser uma colônia de exploração e, doravante, passando a intitular-se Reino Unido a Portugal.


 CONTEXTO HISTÓRICO

O principal fato histórico que permeia o Romantismo no Brasil é a chegada da Família Real portuguesa, em 1808. Nesse período, o país deixou oficialmente de ser uma colônia de exploração e passou a ser a sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com isso, uma série de modernizações começou a ocorrer no país. Algumas das principais delas são:

·         Criação da imprensa brasileira;
·         Construção do Museu Nacional (incendiado em 2018);
·         Fundação do Banco do Brasil;
·         Decreto de abertura dos portos às nações amigas;
·         Criação do Ministério da Marinha, das Relações Exteriores e do Tesouro Nacional, assim como a fundação da Casa de Suplicação do Brasil (atual Supremo Tribunal da Justiça)


      PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Essa escola tem como base o sentimentalismo romântico e o escapismo pelo suicídio estabelecido pelo romance. Na Europa, uma das obras de maior destaque e que retrata bem as características do romantismo é “Os sofrimentos do jovem Werther”, de Goethe (1774).
            Outras características:
Ø  Oposição ao modelo clássico;
Ø  Estrutura longa do texto em prosa;
Ø  Desenvolvimento de uma trama central;narrativa ampla refletindo uma sequencia de tempo;
Ø  O indivíduo passa a ser o centro das atenções;
Ø  Surgimento de um público consumidor;
Ø  O uso de versos livres e versos brancos na poesia;
Ø  Exaltação do nacionalismo, da natureza e da pátria;
Ø  Idealização da sociedade, do amor e da mulher;
Ø  Criação de um herói nacional; (o índio no Brasil/ cavaleiros medievais na Europa)
Ø  Supervalorização das emoções pessoais e sentimentalismo;
Ø  Saudades da infância.

O romantismo é composto por duas frentes bem expressivas, a saber, o sentimentalismo e o nacionalismo.  O sentimentalismo romântico exprime o exagero; a intensidade de sentimentos; o amor sofrido; a derrota do ego; a frustração e o tédio. O nacionalismo, por sua vez, traz o inventivo à exaltação da natureza da pátria; o retorno ao passado histórico; o resgate das grandes batalhas; a criação do herói nacional.
Diversos gêneros textuais estiverem presentes no romantismo brasileiro, dentre eles a prosa (texto produzido em forma de narrativa/história) e a poesia (texto produzido com estrutura organizada em versos). Ao contrário do que parece, o significado da palavra “romance”, em literatura, não representa a ideia de uma história de amor, mas sim uma narrativa longa. Existem vários tipos de romance como, por exemplo, o romance romântico, romance realista, romance modernista, entre outros.

PROSA
          TEATRO
POESIA>1ª,2ª e 3ª geração

      1ª GERAÇÃO (NACIONALISTA OU INDIANISTA)

No que se refere à poesia, a 1ª geração do romantismo brasileiro (1836 a 1852) recebeu o nome de nacionalista ou indianista, pois tinha  como base a exaltação da pátria e a construção de um herói nacional.
O marco inicial da 1ª geração é a publicação da obra “ Suspiros poéticos e saudades” (1836), de Gonçalves de Magalhães, que foi quem trouxe o romantismo para o Brasil.
Características:
ü  Exaltação da natureza;
ü  Religiosidade;
ü  Figura do índio ou indianismo;
ü  Sentimentalismo/emoções;
ü  Nacionalismo-ufanista;
ü  Brasileirismo (linguagem próxima do coloquial).


      2ª GERAÇÃO (ULTRARROMÂNTICA)

Diferentemente da primeira, a segunda geração traz características muito particulares, a saber:
ü  Arte extremamente voltada para o desapego ao nacionalismo;
ü  Exacerbado sentimentalismo e pessimismo doentio como forma de escapar da realidade e dos problemas da sociedade da época;
ü  Temática extremamente voltada para a morte como solução dos problemas;
ü  Sonhos e devaneios;
ü  Expressividade do Amor Platônico;
ü  Visão da mulher como ser inatingível, impalpável, vista mais no plano espiritual do que no material;

Todas as características da segunda geração se dão justamente pelo pessimismo e sentimento de inadequação à realidade da época. Uma outra característica dessa geração é que a vida de grande parte de seus autores era dividida entre o ofício, os estudos acadêmicos e casos amorosos, adicionando a isso a vida na noite e no vicio da bebida que muitos tinham.
Fazem parte dessa geração os poetas: Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire.


    3ª GERAÇÃO (SOCIAL LIBERAL OU CONDOREIRA)

Essa geração recebe o nome de condoreira em referência à ave condor. Os poetas desta época apresentam estilo grandioso ao tratarem de temos sociais. Há, nesse momento, um comprometimento com a causa abolicionista e republicana, tratada com uma “poesia social”.
O principal nome entre os poetas desse período é Castro Alves, conhecido também como “o poeta dos escravos”, com sua obra “Navio negreiro”.
A terceira geração apresenta, assim como as outras duas já mencionadas, um aspecto de preocupação como o outro, um olhar voltado para o social. Esse contexto também faz parte de um período de transição que prepara o cenário para a chegada para próxima escola que viria, o Realismo.


      O ROMANCE EM PROSA

O romance em prosa se refere aos textos que eram escritos no formato de narrativa. Sua publicação era feita por meio dos jornais, capítulo a capítulo (folhetins). Além disso, as grandes obras da época não podiam ser lidas todas de uma só vez, isso devido a sua extensão e, consequentemente,  o espaço que ocupariam dentro do jornal. Assim, uma obra com 5 capítulos, por exemplo, precisaria de bem mais do que um único jornal diário para ser publicada. Esse sistema de publicação estimulava os leitores que aguardavam com ansiedade pela próxima publicação.
Tanto o romance em forma de poesia como o em prosa ocorriam paralelamente. Havia autores que se empenhavam em produzir poesia e outros  a prosa. Se a poesia romântica era dividida em três gerações, a saber a Indianista, a Ultrarromântica e a Condoreira, as narrativas românticas, isto é, a prosa, era dividia em tipos de romance. São eles:
a)    O romance indianista ou nacionalista: composto por textos e histórias que trabalham com a construção da identidade nacional, tendo o índio como elemento de formação da sociedade. Exemplo: “O guarani” e “Iracema” (José de Alencar).
b)    O romance histórico: trata do passado mais recente do Brasil como, por exemplo, os Bandeirantes. A formação do Brasil é contada de maneira idealizada. Há a exaltação de um herói nacional.
c)    O romance regionalista: mostra o interior do Brasil, o cotidiano e a preservação dos valores brasileiros do século XIX.
d)   O romance urbano: trata das histórias sobre a corte e do painel social sobre a vida urbana do Rio de Janeiro.

O primeiro folhetim de sucesso que atraiu a atenção dos leitores foi “A moreninha”, de Joaquim Manoel de Macedo. No entanto, o nome que mais se destacou foi José de Alencar.
Em 1877, Alencar morreu no Rio de janeiro, vítima da tuberculose.

Suas principais obras são:



I Romances urbanos:
- Cinco minutos (1857);
- A viuvinha (1860);
- Lucíola (1862);
- Diva (1864);
- A pata da gazela (1870);
- Sonhos d’ouro (1872);
- Senhora (1875);
- Encarnação (1893, póstumo).

II Romances históricos e/ou indianistas:
- O Guarani (1857);
- Iracema (1865);
- As minas de prata (1865);
- Alfarrábios (1873);
- Ubirajara (1874);
- Guerra dos mascates (1873).

III Romances regionalistas:
- O gaúcho (1870);
- O tronco do ipê (1871);
- Til (1872);
- O sertanejo (1875).





     O REALISMO

Realismo no Brasil teve o seu início, oficialmente, em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de seu mais célebre autor, Machado de Assis. Essa escola somente entra em declínio com o surgimento do Parnasianismo, por volta de 1890.
O Realismo foi um movimento antiburguês, no qual denunciava as falsas bases que sustentavam as relações burguesas da época. Com a introdução do estilo realista, assim como do naturalista, o romance, no Brasil, ganhou um novo alcance: a observação. Começou-se a escrever buscando a verdade, e não mais para ocupar os ócios dos leitores.
Machado de Assis, considerado o maior expoente da literatura brasileira e do Realismo no Brasil, desenvolve em sua ficção uma análise psicológica, universal e sela, portanto, a independência literária do país.

  CARACTERÍSTICAS DO REALISMO

O realismo tem como características a abordagem objetiva e o interesse por temas sociais, diferentemente do período anterior, o romantismo, que era caracterizado, principalmente pelo subjetivismo.
O realismo se manifestou na prosa, nos chamados romances sociais,  psicológicos e de tese. Com isso, a literatura realista deixa de ser uma mera distração e passa a se preocupar com as críticas às instituições como a igreja católica  e com a  hipocrisia da  burguesia.
O realismo também explorava temas como a escravidão, a sexualidade e os preconceitos raciais, que eram tratados com uma linguagem direta e objetiva. Essa escola literária surgiu em meio ao fracasso da revolução francesa e de seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. No Brasil, o período é o reflexo da divisão da sociedade da época entre classe operária e a burguesia, sendo essa última o alvo das críticas.
Os avanços tecnológicos também fizeram parte desse período como, por exemplo, a expansão da energia elétrica e o surgimento de maquinas, dentre as quais está o automóvel.
O pensamento filosófico  que influencia o surgimento do realismo é o positivismo, que analisa a realidade através da observação e das constatações racionais.
Dentro das características do realismo, merece destaque:
·         A reprodução da realidade observada;
·         Objetividade no compromisso com a verdade;
·         Personagens baseados em indivíduos comuns: não há mais a idealização da figura humana, ou seja, o homem é reproduzido como ele realmente é.
·         Há a exposição da condição social dos personagens;
·         Lei da causalidade: toda ação tem uma reação;
·         Linguagem de fácil entendimento;
·         Contemporaneidade.

   NATURALISMO

O naturalismo é um movimento artístico e literário conhecido por ser a radicalização do realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. A escola esboçou o que se pode declarar como os primeiros passos do pensamento teórico evolucionista de Charles Darwin.
O naturalismo é entendido como uma corrente mais radical do realismo. As duas escolas compartilham, portanto, algumas premissas: o retrato verossímil da realidade, a preferência por cenas cotidianas, a objetividade das obras, o desprezo pelas idealizações românticas – retratando o adultério em oposição à realização amorosa matrimonial e o fracasso social ao contrário do herói idealizado –, a crítica da moralidade burguesa e a impessoalidade.
O que diferencia o naturalismo é a abordagem patológica das personagens e situações. Enquanto o realismo privilegia mergulhos psicológicos nas personagens, o naturalismo possui um olhar anatômico, ressaltando a doença e o aspecto animalesco do ser humano. As personagens são abordadas de fora para dentro, enfatizando as ações exteriores, sem preocupação com o aprofundamento psicológico. O realismo retrata o homem psicológico, enquanto o naturalismo propõe o homem biológico.
Se o realismo propõe retratar o homem em interação com seu meio, o naturalismo vai ainda um pouco além: expõe o indivíduo como um produto biológico, cujo comportamento é determinado a partir dessas relações com o meio e de acordo com suas características hereditárias. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam ser a seleção natural impulsionadora da transformação das espécies.
Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõem a personalidade humana. Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a estética naturalista.
Os autores naturalistas criavam narradores omniscientes e impassíveis para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados pelos seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços da sua natureza animal.
No Brasil, as primeiras obras naturalistas foram publicadas em 1880, sendo influenciadas pela leitura de Émile Zola. O primeiro romance é O Mulato (1881) do maranhense Aluísio Azevedo, o escritor que melhor representa a corrente literária do naturalismo brasileiro. Além dessa obra, foi o responsável pela criação de um dos maiores marcos da literatura brasileira: O Cortiço.

      PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
·         Ênfase no lado mais animalesco do homem: a fome, o instinto, a parte “não civilizada”, a sexualidade etc., bem como a zoomorfização de personagens;
·         Linguagem coloquial;
·         Observação da realidade;;
·         Retrato objetivo da sociedade;
·         Evolucionismo, cientificismo e positivismo;
·         Descrição de ambientes e personagens;
·         Problemas humanos e sociais: patologias psíquicas e físicas.

4.            CONTEXTO HISTÓRICO
·         Período de grandes transformações no Brasil, cuja capita, naquela época, era o Rio de Janeiro;
·         Crescimento do capitalismo e ascensão da questão financeira;
·         Desenvolvimento da industria: mais maquinário e mais pessoas trabalhando;
·         Segundo reinado de D. Pedro II e final do império;
·         Abolição da escravatura; evento muito importante para o período;
·         Sinais de liberdade da sociedade: o povo passa a ter mais voz;

Trecho da obra “Germinal”, de Emile Zola.

"Era a visão vermelha que arrastaria a todos, fatal- mente, numa dessas noites sangrentas desse fim de século. Sim, uma noite, o povo em torrentes, desenfrea- do, correria assim pelos caminhos, gotejando o sangue burguês, exibindo cabeças, semeando o ouro dos cofres arrombados. As mulheres gritariam, os homens abririam suas queixadas de lobos, prontos para morderem. [... Não sobraria nada, as fortunas e os títulos das situações adquiridas desapareceriam, até o dia em que talvez de- sabrochasse uma nova sociedade. Sim, eram essas coisas que estavam passando pela estrada, como uma força da natureza, e vinha delas o vento terrível que lhes açoitava os rostos. [...]


Trecho de “O mulato”, de Aluisio de Azevedo.

Capítulo 1

Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escaldavam; as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes, as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante, abalando os prédios; e os aguadeiros, em mangas de camisa e pernas arregaçadas, invadiam sem-cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido; só os pretos faziam as compras para o jantar ou andavam no ganho.

Capítulo 3


O passeio à Europa não só lhe beneficiara o espírito, como o corpo. Estava muito mais forte bem exercitado e com uma saúde invejável. Gabava-se de ter adquirido grande experiência do mundo; conversava à vontade sobre qualquer assunto tão bem sabia entrar numa sala de primeira ordem como dar uma palestra entre rapazes numa redação de jornal ou na caixa de um teatro. E em pontos de honra e lealdade, não admitia, com todo o direito, que houvesse alguém mais escrupuloso do que ele.
Foi nessa bela disposição de espírito, feliz e cheio de esperanças no futuro que Raimundo tomou o “Cruzeiro” e partiu para a capital de São Luís do Maranhão
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