domingo, 24 de maio de 2020

Vogal, semivogal e consoante

Vogal, Semivogal e Consoante são fonemas, os quais são unidades de som que distinguem as palavras.

Enquanto as vogais saem livremente pela boca, o mesmo não acontece com as consoantes, que encontram obstáculos. Conheça os fonemas e aprenda a diferenciar as vogais das semivogais!

Vogal

A vogal é o mais importante dos fonemas, pois não existem sílabas sem vogais. Ela se caracteriza pelo fato de o som ser emitido sem obstáculos.

Na língua portuguesa existem 5 letras vogais (a, e, i, o, u). Os fonemas vogais, por sua vez, são em maior número. Isto ocorre porque as vogais podem ser pronunciadas de forma oral e de forma nasal e, ainda, mediante à:

  • Articulação - respeita ao posicionamento da língua no momento da emissão da vogal. Podem ser: anteriores, centrais e posteriores;
  • Timbre - respeita à abertura dos órgãos da fala. Podem ser: abertas e fechadas;
  • Intensidade e Acento: respeita à vibração das cordas vocais. Podem ser: tônicas e átonas.

Por hora, é importante, nos debruçarmos sobre as seguintes classificações e lembrar que:

  • Os fonemas vogais orais, ou seja, que são emitidos pela boca são: aeiou.
  • Os fonemas vogais nasais, por sua vez, são emitidos pela boca e pelas fossas nasais e são: ãĩõ, ũ.
  • As vogais tônicas são pronunciadas com mais intensidade (vovó, sapo), do que as vogais átonas (vovó, sapo).

Semivogal

Os fonemas i e u e, em alguns casos, também os fonemas e e o são classificados como semivogais quando se juntam a uma vogal e são pronunciados com menos força.

Em cárie e lousa, o i da palavra cárie e o u da palavra lousa são semivogais.
Em nódoa e cães, o o da palavra nódoa e o e da palavra cães são semivogais.

Afinal, Qual é a Diferença entre Vogal e Semivogal?

Enquanto a vogal é o núcleo da sílaba, a semivogal nunca desempenha esse papel. Tal como acontece com as consoantes (veremos a seguir), as vogais são o apoio das semivogais.

As vogais são o núcleo da sílaba. Desta forma, a separação silábica das palavras cárie, lousa, nódoa e cães é a seguinte: cá-rie, lou-sa, nó-doa, cães.

Consoante

A consoante se caracteriza pelo fato de o som ser emitido com obstáculos, uma vez que não consegue sair livremente pela boca. Elas somente formam sílabas apoiadas no som de uma vogal, daí decorre o nome con-soante, ou seja, com som (de uma vogal, no caso).

O nosso alfabeto é composto por 21 consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, y, w, z.

Tal como as vogais, as consoantes podem ser orais ou nasais e, ainda, surdas ou sonoras. As consoantes são classificadas também mediante ao:

  • Modo de Articulação - respeita ao tipo de obstáculo que o som encontra durante a sua emissão. Podem ser: oclusivas e constritivas. As constritivas, por sua vez, podem ser fricativas, laterais e vibrantes.
  • Ponto de Articulação - respeita ao local da cavidade bucal em que o obstáculo está localizado. Podem ser: bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares, palatais e velares.

Período

Período é a frase constituída de uma ou mais orações, formando um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou composto.

Período Simples

É aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.

Exemplos:

O amor é eterno.
As plantas necessitam de cuidados especiais.
Quero aquelas rosas.
O tempo é o melhor remédio.

Período Composto

É aquele constituído por duas ou mais orações.

Exemplos:

Quando você partiu minha vida ficou sem alegrias.
Quero aquelas flores para presentear minha mãe.
Vou gritar para todos ouvirem que estou sabendo o que acontece ao anoitecer.
Chegueijantei e fui dormir.

Saiba que:

Como toda oração está centrada num verbo ou numa locução verbal, a maneira prática de saber quantas orações existem num período é contar os verbos ou locuções verbais.

Objetivos da análise sintática

A análise sintática tem como objetivo examinar a estrutura de um período e das orações que compõem um período.

Estrutura de um período

Observe:

Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando.

Ao analisarmos a estrutura do período acima, é possível identificar duas orações: Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando.

Oração

Uma frase verbal  pode ser também uma oração. Para isso é necessário:

- que o enunciado tenha sentido completo;

- que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal).

Por Exemplo:

Camila terminou a leitura do livro.

Atenção:

Nem toda frase é oração.

Por Exemplo: Que dia lindo!

Esse enunciado é frase, pois tem sentido.

Esse enunciado não é oração, pois não possui verbo.

Assim, não possuem estrutura sintática, portanto não são orações, frases como:

Socorro!  -  Com Licença!  -  Que rapaz ignorante!  

A frase pode conter uma ou mais orações. Veja:

Brinquei no parque. (uma oração)
Entrei na casa e sentei-me. (duas orações)
Chegueivivenci. (três orações)

Estrutura da frase

As frases que possuem verbo são geralmente estruturadas a partir de dois elementos essenciais: sujeito predicado.

Isso não significa, no entanto, que tais frases devam ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase "Saímos", por exemplo, há um sujeito implícito na terminação do verbo: nós.

sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e pessoa. É normalmente o "ser de quem se declara algo", "o tema do que se vai comunicar".

predicado é a parte da frase que contém "a informação nova para o ouvinte". Normalmente, ele se refere ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o núcleo significativo da declaração: se o núcleo da declaração estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre nas frases verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum nome, teremos um predicado nominal (ocorre nas frases nominais que possuem verbo de ligação).

Observe:

O amor é eterno.

O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é "O amor". A declaração referente a "o amor", ou seja, o predicado, é "é eterno". É um predicado nominal, pois seu núcleo significativo é o nome "eterno". Já na frase:

Os rapazes jogam futebol.

O sujeito é "Os rapazes", que identificamos por ser o termo que concorda em número e pessoa com o verbo "jogam". O predicado é "jogam futebol", cujo núcleo significativo é o verbo "jogam". Temos, assim, um predicado verbal.

Tipos de Frases

Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser integralmente captados se atentarmos para o contexto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase "Que educação!", usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que aparentemente diz.

A entoação é um elemento muito importante da frase falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo de como é dita, uma frase simples como "É ela." pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontuação podem agir como definidores do sentido das frases. Veja:

baloezinhos


Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou menos previsível, de acordo com o sentido que transmitem. São elas:

a) Frases Interrogativas: ocorrem quando uma pergunta é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas quando se deseja obter alguma informação. A interrogação pode ser direta ou indireta.

Você aceita um copo de suco?  (Interrogação direta)
Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interrogação indireta)

b) Frases Imperativas:  ocorrem quando o emissor da mensagem dá uma ordem, um conselho ou  faz um pedido, utilizando o verbo no modo imperativo. Podem ser afirmativas ou negativas.

Faça-o entrar no carro! (Afirmativa)
Não faça isso. (Negativa)
Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa)

c) Frases Exclamativas:  nesse tipo de frase o emissor exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação ligeiramente  prolongada.

    Por Exemplo:  Que prova difícil!
    É uma delícia esse bolo!

d) Frases Declarativas:  ocorrem quando o emissor constata um fato. Esse tipo de frase informa ou declara alguma coisa. Podem ser afirmativas ou negativas.

Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa)
Ela não está em casa. (Negativa)

e) Frases Optativas:  são usadas para exprimir um desejo.

    Por Exemplo: Deus te acompanhe!
    Bons ventos o levem!

De acordo com a construção, as frases classificam-se em:

Frase Nominal: é a frase construída sem verbos.

Exemplos:

Fogo!
Cuidado!
Belo serviço o seu!
Trabalho digno desse feirante.

Frase Verbal: é a frase construída com verbo.

Por Exemplo:

O sol ilumina a cidade e aquece os dias.
Os casais saíram para jantar.
A bola rolou escada abaixo.

Quais as diferenças entre frase , oração e período?

Frase

Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo ser formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou não. A frase exprime, através da fala ou da escrita:

- ideias
- emoções
- ordens
- apelos

A frase se define pelo seu propósito comunicativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâmbio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a situação em que é utilizada.

Exemplos:

O Brasil possui um grande potencial turístico.
Espantoso!
Não vá embora.
Silêncio!
O telefone está tocando.

Observação: a frase que não possui verbo denomina-se Frase Nominal.

Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoação, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação pode vir acompanhada por gestos,  expressões do rosto, do olhar, além de ser complementada pela situação em que o falante se encontra. Esses fatos contribuem para que frequentemente surjam frases muito simples, formadas por apenas uma  palavra. Observe:

Rua!
Ai!

Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acompanhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfazer suas necessidades expressivas.

Na língua escrita, a entoação é representada pelos sinais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é fornecido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário que as frases escritas sejam linguisticamente mais completas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obedecer as regras gerais da língua. Portanto, a organização e a ordenação dos elementos formadores da frase devem seguir os padrões da língua. Por isso é que:

As meninas estavam alegres.

constitui uma frase, enquanto:

Alegres meninas estavam as.

não é considerada uma frase da língua portuguesa.

Sujeito e predicado

Sujeito e predicado são os termos essenciais da oração. Enquanto o sujeito é aquele ou aquilo de que(m) se fala, o predicado é a informação dada sobre o sujeito.

Uma forma fácil de detectar esses termos nas orações é perguntando quem? e/ou o que?

Exemplo 1:

Os estudantes organizaram a homenagem.

Quem organizou a homenagem? Os estudantes, logo esse é o sujeito da oração.
O que foi feito? Organizaram a homenagem, logo esse é o predicado da oração.

Exemplo 2:

O discurso foi modificado.

O que? “Algo” foi modificado. Essa é informação dada sobre algo, logo, esse é o predicado da oração.
O que foi modificado? O discurso. É do discurso de que se fala, logo esse é o sujeito da oração.

Ordem do Sujeito na Oração

A ordem so sujeito na oração nem sempre é a mesma, podendo ocorrer de três maneiras:

TiposExplicaçãoExemplos
Forma diretaquando o sujeito vem antes do predicado.Os formandos e os professores empenhados organizaram a festa.



Ordem inversaquando o sujeito vem depois do predicado.Organizaram a festa os formandos e os professores empenhados.
Meio do predicadoquando o sujeito aparece no meio do predicado.



Empenhados, os formandos e os professores organizaram a festa

sexta-feira, 22 de maio de 2020


A CRÔNICA

O que é?

Muito usada em textos jornalísticos publicados em jornais e revistas, é escrita com uma linguagem simples e coloquial, que torna a leitura mais fácil e agradável. E também permite que o leitor se sinta amigo do cronista, já que o texto é desenvolvido em tom de conversa informal.

 

crônica é um tipo de texto que tem prazo de validade por se tratar de um assunto atual, geralmente uma crítica ou comentário sobre algo que está sendo debatido no momento.

essência da crônica é:

       

a)    Tratar de assuntos pessoais;

b)    Utilizar linguagem simples e coloquial;

c)    Fazer uso de poucos ou nenhum personagem;

d)    Tom irônico e humorístico;

e)    Usado no jornalismo;

f)     Textos rápidos e objetivos.


O Brasil tem muitos cronistas populares. Entre os principais nomes, vale destacar os seguintes autores:

Antônio Prata

Machado de Assis

Luís Fernando Veríssimo

Carlos Heitor Cony

Rubem Braga.

 

 

Tipos de crônica

Apesar de se tratar de um texto narrativo-descritivo, a crônica pode ser escrita de formas diferentes e tratar os assuntos de formas distintas. Entre os principais tipos de crônica, é possível destacar:


Crônica Lírica ou Poética

O posicionamento subjetivo do narrador e, por vezes, do próprio escritor é a marca mais distintiva da crônica. Essa subjetividade se manifesta no modo como a escrita revela os seus sentimentos, valores e modo de interpretar a vida. Muito frequentemente, a crônica lírica se constrói com uma linguagem figurada, em que a metáfora e a exploração da sonoridade da frase são constantes. Há também um tom e uma atmosfera nostálgicos e sentimentais que tornam as narrativas sensibilizadoras para o leitor.

Os motivos para esse tipo de crônica estão na natureza, no ser humano (seja homem, mulher, velho ou criança), na presença da vida e da morte, do amor e da literatura. E o seu texto pode ser em prosa ou em verso.

Entre muitos exemplos, citamos “Sobre o amor, desamor...”, de Rubem Braga (1998, p. 211).


Crônica narrativa

A crônica narrativa sempre contam com fatos do cotidiano, acontecimentos das últimas semanas e ações em geral. O texto conta uma história, seja em 1ª ou 3ª pessoa do singular, relacionada a diferentes fatos.


Crônica descritiva

Como o próprio nome diz, se trata de um texto descritivo sobre uma determinada situação do cotidiano, em algum local, contendo ou não personagens.

É explorar ao máximo os detalhes do objeto, local, pessoa ou animal que o cronista deseja descrever.


Crônica humorística

Essa crônica possui característica voltada ao humor, mas que usa a seu favor a ironia para entreter seu público. Na maioria das vezes, a crônica humorística é utilizada para contar um acontecimento político, econômico ou cultural de uma forma mais descontraída.


Crônica jornalística

Texto muito utilizado pela imprensa brasileira para retratar e refletir sobre temas da atualidade em uma linguagem um pouco mais leve.

Esse tipo de crônica possui um caráter mais narrativo e argumentativo, mas sempre trazendo a leveza textual.

 

EXEMPLO DE CRÔNICA POÉTICA

Sobre o amor, desamor

(Rubem Braga)


Chega a notícia de que um casal de estrangeiros, nosso amigo, está se separando. Mais um! É tanta separação que um conhecido meu, que foi outro dia a um casamento grã-fino, me disse que, na hora de cumprimentar a noiva, teve a vontade idiota de lhe desejar felicidades “pelo seu primeiro casamento”.
E essas notícias de separação muito antes de sair nos jornais correm com uma velocidade espantosa. Alguém nos conta sob segredo de morte, e em três ou quatro dias percebemos que toda a cidade já sabe — e ninguém morre por causa disso.
Uns acham graça em um detalhe ou outro. Mas o que fica, no fim, é um ressaibo amargo — a ideia das aflições e melancolias desses casos.
Ah, os casais de antigamente! Como eram plácidos e sábios e felizes e serenos…
(Principalmente vistos de longe. E as angústias e renúncias, e as longas humilhações caladas? Conheci um casal de velhos bem velhinhos, que era doce ver — os dois sempre juntos, quietos, delicados. Ele a desprezava. Ela o odiava.)
Sim, direis, mas há os casos lindos de amor para toda a vida, a paixão que vira ternura e amizade. Acaso não acreditais nisso, detestável Braga, pessimista barato?

E eu vos direi que sim. Já me contaram, já vi. É bonito. Apenas não entendo bem por que sempre falamos de um caso assim com uma ponta de pena. (“Eles são tão unidos, coitados.”) De qualquer modo, é mesmo muito bonito; consola ver. Mas, como certos quadros, a gente deve olhar de uma certa distância.
“Eles se separaram” pode ser uma frase triste, e às vezes nem isso. “Estão se separando” é que é triste mesmo.
Adultério devia ser considerado palavra feia, já não digo pelo que exprime, mas porque é uma palavra feia. Concubina também. Concubinagem devia ser simplesmente riscada do dicionário; é horrível.
Mas do lado legal está a pior palavra: cônjuge. No dia em que uma mulher descobre que o homem, pelo simples fato de ser seu marido, é seu cônjuge, coitado dele.
Mas no meio de tudo isso, fora disso, através disso, apesar disso tudo — há o amor. Ele é como a lua, resiste a todos os sonetos e abençoa todos os pântanos.

Rio, setembro, 1957.

— Rubem Braga, no livro “Ai de ti, Copacabana”. Rio de Janeiro: Record, 2010.

 

 EXEMPLO DE CRÔNICA NARRATIVA

Aprenda a Chamar a Polícia

 (Luís Fernando Veríssimo)

 

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.

Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço.

Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.

Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.

Um minuto depois, liguei de novo e disse com a voz calma:

— Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!

Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:

— Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

— Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.



 EXEMPLO DE CRÔNICA HUMORÍSTICA



A BOLA

 

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando não gostam do presente ou não querem magoar o velho.
Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como é que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
-Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Ball, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
-Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela.O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada.Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

(Luís Fernando Veríssimo)

 

EXEMPLO DE CRÔNICA JORNALÍSTICA



 Bilhete a um candidato

Crônica de Rubem Braga

 “Olhe aqui, Rubem. Para ser eleito vereador, eu preciso de três mil votos. Só lá no Jockey, entre tratadores, jóqueis, empregados e sócios eu tenho, no mínimo mesmo, trezentos votos certos; vamos botar mais cem na Hípica, Bem, quatrocentos. Pessoal de meu clube, o Botafogo, calculando com o máximo de pessimismo, seiscentos. Aí já estão mil.

“Entre colegas de turma e de repartição contei, seguros, duzentos; vamos dizer, cem. Naquela fábrica da Gávea, você sabe, eu estou com tudo na mão, porque tenho apoio por baixo e por cima, inclusive dos comunas; pelo menos oitocentos votos certos, mas vamos dizer, quatrocentos. Já são mil e quinhentos.

“Em Vila Isabel minha sogra é uma potência, porque essas coisas de igreja e caridade tudo lá é com ela. Quer saber de uma coisa? Só na Vila eu já tenho a eleição garantida, mas vamos botar: quinhentos. Aí já estão, contando miseravelmente, mas mi-se-ra-vel-men-te, dois mil. Agora você calcule: Tuizinho no Méier, sabe que ele é médico dos pobres, é um sujeito que se quisesse entrar na política acabava senador só com o voto da zona norte; e é todo meu, batata, cem por cento, vai me dar pelo menos mil votos. Você veja, poxa, eu estou eleito sem contar mais nada, sem falar no pessoal do cais do porto, nem postalistas, nem professoras primárias, que só aí, só de professoras, vai ser um xuá, você sabe que minha mãe e minha tia são diretoras de grupo. Agora bote choferes, garçons, a turma do clube de xadrez e a colônia pernambucana como é que é!

“E o Centro Filatelista? Sabe quantos filatelistas tem só no Rio de Janeiro? Mais de quatro mil! E nesse setor não tem graça, o papai aqui está sozinho! É como diz o Gonçalves: sou o candidato do olho-de-boi!

“E fora disso, quanta coisa! Diretor de centro espírita, tenho dois. E o eleitorado independente? E não falei do meu bairro, poxa, não falei de Copacabana, você precisa ver como ela em casa, o telefone não pára de tocar, todo mundo pedindo cédula, cédula, até sujeitos que eu não vejo há mais de dez anos. E a turma da Equitativa? O Fernandão garante que só lá tenho pelo menos trezentos votos. E o Resseguro, e o reduto do Goulart em Maria da Graça, o pessoal do fórum… Olhe, meu filho, estou convencido de que fiz uma grande besteira: eu devia ter saído era para deputado!”

Passei uma semana sem ver meu amigo candidato; no dia 30 de setembro, três dias antes das eleições, esbarrei com ele na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, todo vibrante, cercado de amigos; deu-me um abraço formidável e me apresentou ao pessoal: “este aqui émeu, de cabresto!”

Atulhou-me de cédulas.

Meu caro candidato:

Você deve ter notado que na 122ª seção da quinta zona, onde votei, você não teve nenhum voto. Palavra de honra que eu ia votar em você; levei uma cédula no bolso. Mas você estava tão garantido que preferi ajudar outro amigo com meu votinho. Foi o diabo. Tenho a impressão de que os outros eleitores pensaram a mesma coisa, e nessa marcha da apuração, se você chegar a trezentos votos ainda pode se consolar, que muitos outros terão muito menos do que isso. Aliás, quem também estava lá e votou logo depois de mim foi o Gonçalves dos selos.

Sabe uma coisa? Acho que esse negócio de voto secreto no fundo é uma indecência, só serve para ensinar o eleitor a mentir: a eleição é uma grande farsa, pois se o cidadão não pode assumir a responsabilidade de seu próprio voto, de sua opinião pessoal, que porcaria de República é esta?

Vou lhe dizer uma coisa com toda franqueza: foi melhor assim. Melhor para você. Essa nossa Câmara Municipal não era mesmo lugar para um sujeito decente como você. É superdesmoralizada. Pense um pouco e me dará razão. Seu, de cabresto, o Rubem.

 

EXEMPLO DE CRÔNICA DESCRITIVA



O RELÓGIO (Crônica descritiva)

   O fascínio que o relógio exerce sobre a maioria das pessoas, é algo que despertou minha atenção ao longo da vida. Quem não sonhou possuir determinado relógio? Quem não resistiu ao desejo de comprar um alegre cuco ou um preguiçoso carrilhão?

   Outrora, realizei o desejo de possuir um Mido automático, presente de minha mulher. Ficou no pulso mais de vinte anos. Hoje, descansa em uma gaveta, aguardando a quinta reforma. Vez por outra volta ao pulso à feição de talismã.

   Diversos modelos foram criados desde o de relógio de sol, passando pelos raros, de madeira, ocultos nos campanários de algumas igrejas. Em Angra dos Reis existe um. Talvez seja o objeto com as mais variadas formas de apresentação e uso. Neste aspecto, destaca-se a funcionalidade, a estética, a vaidade de quem o usa. É um nicho de mercado que as indústrias perceberam e sabem explorar muito bem. 

   Nas vitrines estas máquinas maravilhosas conquistam sempre o melhor espaço e nas mais das vezes, são realçadas com focos de luz, que lhes dão ares de jóia. Além dos modernos detalhes, como aço escovado, titânio, vidro à prova de arranhão – cristal de safira – o brilho é o argumento derradeiro de capitulação diante das vitrines. Reforçam esta “armadilha”, os desenhos das caixas, dos mostradores e das correntes, verdadeiras obras de arte a encantar nossos olhos.

   Calcadas na idéia atual de variação de produtos expostos à venda, algumas lojas reservam local nobre para exporem as maquininhas, ainda que não sejam relojoarias. Em alguns países há ruas que se transformaram em pontos turísticos, por concentrarem vendedores e compradores, colecionadores ou não. Ali se encontram os mais variados tipos, desde os mais antigos, com preços compatíveis à sua raridade, até os mais modernos, descartáveis, baratos.

   Um Rolex no pulso sugere status econômico elevado, vaidade, a simples realização de um sonho. É também o “caviar” dos ladrões interessados nesses objetos!

   Certa vez chamou-me a atenção um daqueles relógios reluzentes, com vários ponteiros sobre fundo preto, corrente grossa e cromada. Estava no pulso do pintor de paredes do prédio onde moro. Sua pele negra e roupas de trabalho completamente tingidas por pingos de tinta, arco-íris abstrato, realçavam ainda mais a “jóia”. Não resisti e comentei sobre o visual do relógio. Envaidecido, o pintor acrescentou alguns elogios, inclusive o de tê-lo comprado por dez reais no camelô há mais de um ano e estar funcionando perfeitamente. O Rolex e o “cebolão”, de valores tão distintos, produzem a mesma sensação de prazer...

   Ao viajar pelo Brasil, na maior parte das cidades do interior, encontraremos além da Avenida Getulio Vargas e o Hotel Imperial ou Palace Hotel, que geralmente não confirmam o conforto que a pompa do nome sugere, colina onde se destaca  igreja com sua torre,  que abriga  relógio visível na maior parte da região. Ali está a serviço da população, mas subliminarmente lembra aos fiéis a presença da igreja.

   A propósito, conta-se que um turista, de pilhéria, perguntou as horas a um matuto, que descansava na grama à beira de uma estradinha de terra, junto à sua vaca. Após levantar a teta da vaca, o matuto informou a hora exata! Pasmo, o turista indagou como ele conseguira ver a hora na teta da vaca.
“— Não, doutô, eu levantei a teta da vaca pra vê a torre da igreja lá na colina!”

   Nos elevadores, o relógio é um bom companheiro para tímidos, inseguros ou estressados. É comum que, ao invés de cumprimentarem ou esboçarem algum aceno de convívio social, consultem o relógio a cada segundo, e este gesto se repete até o momento do desembarque! É a vida moderna nos distanciando uns dos outros.
 
   O fascínio pelo relógio é tal, que acabou por transformá-lo em objeto de escambo, quase como foi com o sal. Vi ser trocado por bicicleta, passarinho, por outro de menor valor, mais uma compensação em dinheiro...

   Finalmente, como pano de fundo do interesse do homem pelo relógio, surge o tempo! Essa noção metafísica que nos dá a compreensão de passado, presente e futuro. Não conheço nada mais socializado que o tempo. É igual para todos. Ninguém tem mais ou menos do que o outro. Ninguém pode acumular ou gastar mais do que dispõe. Talvez isso explique a ânsia humana por controlar o tempo. Milésimos de segundo determinam o vencedor de uma competição, mas horas parecem milésimos de segundo quando temos nos braços a pessoa amada!

   Excluo destas observações aqueles para os quais o tempo não tem importância. 

   Atingiram o NIRVANA...
 

Nilton Deodoro

 

 

sexta-feira, 15 de maio de 2020

NUMERAL

Numerais são palavras que indicam quantidades de pessoas ou coisas, bem como a ordenação de elementos numa série.

Exemplos de numerais

  • Ontem, eu comprei duas blusas para mim.
  • Minha casa é a segunda casa do lado direito.
  • Você acredita que eu recebo o dobro no meu novo emprego?
  • Quero apenas metade desse sanduíche, por favor.
  • O semestre está quase acabando.

Classificação dos numerais

Os numerais são classificados em: numerais cardinais, numerais ordinais, numerais multiplicativos, numerais fracionários e numerais coletivos.

Numerais cardinais

Os numerais cardinais indicam a quantidade de seres ou coisas:

  • 1 - um;
  • 7 - sete,
  • 28 - vinte e oito;
  • 190 - cento e noventa;
  • 703 - setecentos e três;
  • 1000 - mil;
  • 2500 - dois mil e quinhentos;
  • 10 000 - dez mil;

Numerais ordinais

Os numerais ordinais indicam o número de ordem, posição ou lugar ocupado em uma série:

  • 1.º - primeiro;
  • 7.º - sétimo;
  • 15.º - décimo quinto;
  • 22.º - vigésimo segundo;
  • 50.º - quinquagésimo;
  • 100.º - centésimo;
  • 1000.º - milésimo;

Veja também: Outros exemplos de numerais ordinais.

Numerais multiplicativos

Os numerais multiplicativos se referem ao número de vezes que uma determinada quantidade foi multiplicada, indicando um aumento proporcional dessa mesma quantidade:

  • duplo (2 vezes);
  • dobro (2 vezes);
  • triplo (3 vezes);
  • quádruplo (4 vezes);
  • quíntuplo (5 vezes);
  • décuplo (10 vezes);
  • cêntuplo (100 vezes);

Veja também: Exemplos de uso de numerais multiplicativos.

Numerais fracionários

Os numerais fracionários se referem ao fracionamento de uma unidade, de um todo, indicando assim suas frações, divisões e partes:

  • 1/2 - um meio;
  • 1/3 - um terço;
  • 2/6 - dois sextos;
  • 3/10 - três décimos;
  • 5/20 - cinco vinte avos;

Leia também: Lista de numerais fracionários.

Numerais coletivos

Os numerais coletivos se referem aos numerais que, no singular, indicam o conjunto de algo, definindo o número exato de seres que compõem esse conjunto:

  • dúzia (12);
  • cento (100);
  • dezena (10);
  • quinzena (15);
  • quarteirão (25);
  • biênio (2 anos);
  • novena (9 dias);
  • terceto (3 vozes);

Leia também: Lista de numerais coletivos.

Tabela de numerais

Na tabela está representada a escrita e a leitura de diversos numerais cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.

CardinaisOrdinaisFracionáriosMultiplicativos
1 - um1.º - primeiro------
2 - dois2.º - segundo2 - meio2x - dobro
3 - três3.º - terceiro3 - terço3x - triplo
4 - quatro4.º - quarto4 - quarto4x - quádruplo
5 - cinco5.º - quinto5 - quinto5x - quíntuplo
6 - seis6.º - sexto6 - sexto6x - sêxtuplo
7 - sete7.º - sétimo7 - sétimo7x - sétuplo
8 - oito8.º - oitavo8 - oitavo8x - óctuplo
9 - nove9.º - nono9 - nono9x - nônuplo
10 - dez10.º - décimo10 - décimo10x - décuplo
20 - vinte20.º - vigésimo20 - vinte avos---
30 - trinta30.º - trigésimo30 - trinta avos---
40 - quarenta40.º - quadragésimo40 – quarenta avos---
50 - cinquenta50.º - quinquagésimo50 – cinquenta avos---
60 - sessenta60.º - sexagésimo60 – sessenta avos---
70 - setenta70.º - septuagésimo70 – setenta avos---
80 - oitenta80.º - octogésimo80 – oitenta avos---
90 - noventa90.º - nonagésimo90 – noventa avos---
100 - cem100.º - centésimo100 - centésimo100x - cêntuplo
200 - duzentos200.º - ducentésimo200 - duzentos avos---
300 - trezentos300.º - tricentésimo300 - trezentos avos---
400 - quatrocentos400.º - quadringentésimo400 - quatrocentos avos---
500 - quinhentos500.º - quingentésimo500 - quinhentos avos---
600 - seiscentos600.º - seiscentésimo600 - seiscentos avos---
700 - setecentos700.º - septingentésimo700 - setecentos avos---
800 - oitocentos800.º - octingentésimo800 - oitocentos avos---
900 - novecentos900.º - noningentésimo900 - novecentos avos
1000 - mil1000.º - milésimo1000 - milésimo---
1 000 000 - milhão1 000 000.º - milionésimo1 000 000 - milionésimo---
1 000 000 000 - bilhão1 000 000 000.º - bilionésimo1 000 000 000 - bilionésimo---

Flexão dos numerais

Alguns numerais podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), outros são invariáveis.

Flexão dos numerais cardinais

Alguns numerais cardinais variam em gênero: um e uma, dois e duas, centenas a partir de duas: duzentos e duzentas, trezentos e trezentas, quatrocentos e quatrocentas,...

Alguns numerais cardinais variam em número: milhão e milhões, bilhão e bilhões, trilhão e trilhões.

Os restantes cardinais são invariáveis:

  • Vi quatro meninas entrando na loja.
  • Vi quatro meninos entrando na loja.
  • Estou precisando de vinte folhas.
  • Estou precisando de vinte lápis.

Flexão dos numerais ordinais

Os numerais ordinais variam em gênero e número:

  • Ele foi o primeiro.
  • Ela foi a primeira.
  • Eles foram os primeiros.
  • Elas foram as primeiras.

Flexão dos numerais multiplicativos

Os numerais multiplicativos são invariáveis enquanto substantivos, mas variam em gênero e número enquanto adjetivos:

  • Essa nova situação tem o duplo da importância da situação anterior. (substantivo)
  • Essa nova situação tem dupla importância em relação à situação anterior. (adjetivo)

Flexão dos numerais fracionários

Os numerais fracionários variam em gênero e número conforme o numeral cardinal que os antecedem:

  • Comi um terço do chocolate.
  • Comi dois terços do chocolate.
  • Comi uma terça parte do chocolate.
  • Comi duas terças partes do chocolate.

Flexão dos numerais coletivos

Os numerais coletivos variam apenas em número:

  • Comprei uma dúzia de ovos no supermercado.
  • Comprei três dúzias de ovos no supermercado.

Créditos: Professora Flávia Neves /site norma culta.

Artigos definidos determinam os substantivos: o garoto.
Artigos indefinidos indeterminam os substantivos: um garoto.

Quais são os artigos definidos?

Os artigos definidos são o, a, os, as. Determinam os substantivos de forma particular, objetiva e precisa, individualizando seres e objetos:

  • O vizinho ganhou a loteria.
  • A criança caiu na praça.

Emprego dos artigos definidos

Em alguns nomes de cidades, estados, países,…:

  • o Rio de Janeiro;
  • a Bahia;
  • a Alemanha;
  • o Canadá.

Em nomes de estações do ano:

  • o inverno;
  • o verão;
  • a primavera;
  • o outono.

Em nomes de pontos cardeais:

  • o norte;
  • o sul;
  • o leste;
  • o este.

Em nomes de feriados e datas comemorativas:

  • o Natal;
  • a Páscoa;
  • o Dia da Bandeira Nacional.

Em cognomes e títulos:

  • o senhor;
  • o doutor;
  • o professor;
  • a louca.

Em nomes próprios, transmitindo conhecimento e familiaridade:

  • o Paulo;
  • a Carla;
  • o Mateus.

Nota: O uso do artigo neste caso é facultativo.

Com pronomes possessivos:

  • o meu carro;
  • a nossa irmã;
  • o seu copo.

Nota: O uso do artigo neste caso é facultativo.

Com a palavra todos, para indicar uma totalidade:

  • todos os alunos;
  • todas as mães;
  • todos os entrevistados.

Após o numeral ambos:

  • ambos os amigos;
  • ambas as irmãs;
  • ambos os candidatos.

Quais são os artigos indefinidos?

Os artigos indefinidos são um, uma, uns, umas. Indeterminam os substantivos, caracterizando-os de forma vaga, imprecisa e generalizada, sem particularizar e individualizar seres e objetos:

  • Um vizinho ganhou a loteria.
  • Uma criança caiu na praça.

Emprego dos artigos indefinidos

Com números quando indica aproximação numérica:

  • umas quarenta;
  • uns cem.

Para enfatizar:

  • um verdadeiro amor;
  • um encanto.

Para comparar alguém com uma figura conhecida:

  • ela é uma rainha;
  • ele é um Dom Juan.

Para referir obras de um artista:

  • comprei um Miró;
  • um belíssimo Picasso.

Para indicar uma pessoa de uma família:

  • ele é um Brandão;
  • ela é uma Almeida.

Contração de artigos com preposições

Os artigos contraem-se com as preposições a, em, de e por.

Artigos definidos contraídos com preposições:

Preposição a

  • ao (a + o)
  • à (a + a)
  • aos (a + os)
  • às (a + as)

Preposição de

  • do (de + o)
  • da (de + a)
  • dos (de + os)
  • das (de + as)

Preposição em 

  • no (em + o)
  • na (em + a)
  • nos (em + os)
  • nas (em + as)

Preposição por

  • pelo (por + o)
  • pela (por + a)
  • pelos (por + os)
  • pelas (por + as)

Artigos indefinidos contraídos com preposições:

Preposição em

  • num (em + um)
  • numa (em + uma)
  • nuns (em + uns)
  • numas (em + umas)

Preposição de

  • dum (de + um)
  • duma (de + uma)
  • duns (de + uns)
  • dumas (de + umas)

Exemplos de contração de preposições com artigos:

  • Hoje de manhã, fui à feira e ao supermercado.
  • Do meu lado direito estava estacionado um carro amarelo.
  • Na rua onde moro, há um grande jardim.
  • A mãe distribuiu os bombons pelofilho e pela filha.
  • Estavam todos numa grande confusão.
  • Estou precisando duma cama confortável e de descanso!

Outras funções dos artigos

Além de definir e indefinir substantivos, indicando o gênero e número destes, os artigos possuem outras funções muito importantes, como a substantivação de palavras e a distinção entre palavras homônimas.

Função de substantivação

No processo de substantivação, os artigos criam substantivos a partir de outras classes gramáticas, transformando, por exemplo, adjetivos e verbos em substantivos.

  • Aquela menina tem um andar gracioso. (substantivação de um verbo)
  • O verde da água do lago é lindíssimo! (substantivação de um adjetivo)

Função de distinção entre homônimos

Relativamente à distinção entre substantivos homônimos, é através do artigo que se faz a distinção entre o feminino e o masculino da palavra e a consequente distinção entre seus significados.

  • Minha cabeça está doendo.
  • Tiago é o cabeça da turma.
  • O capital financeiro da empresa está em risco.
  • Brasília é a capital do Brasil.

Créditos: Professora Flávia Neves /site norma culta.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Poema e poesia – Qual a diferença?

Apesar de muita gente entender a poesia e o poema como a mesma coisa, eles não são sinônimos, mesmo estando interligados.

Definição do dicionário

De acordo com o dicionário Aurélio, poesia é a “Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados”, enquanto poema é “Obra em verso ou não em que há poesia”.

Poesia

Do grego poiesis, poesia, no sentido etimológico, significa “produção artística” ou ainda “criar” e “fazer”. Essa, portanto, está presente não apenas em poemas, mas também em objetos, paisagens e outras formas de expressão.

As poesias são caracterizadas pela utilização de recursos para expressar a linguagem de forma especial e diferente do normal, e provoca diversos efeitos de sentido naqueles que recebem a mensagem. É esta forma de escrita que é responsável por dar sentimento ao conteúdo descrito pelas palavras em obras. Graças à ela, os textos possuem emoções e transpassam aos leitores.

Dentre os recursos usados para causar efeitos e sensações em quem está lendo, estão os recursos sonoros, como por exemplo o ritmo, a rima, a aliteração, entre outros, e o uso da linguagem para sugerir imagens, como as metáforas e as personificações, por exemplo.

Poema

Os poemas são também poesias, mas usam a palavra como matéria prima. Trata-se de obras em verso, composições poéticas, ou ainda refere-se à arte de retratar no papel a poesia.

Estruturados em versos e estrofes, os poemas existem por si mesmos. Entenda o que são estrofes e versos, parte da estruturação dos poemas.

Estrofe

Uma estrofe é como chamamos cada uma das seções que constituem um poema. Esse é formado por alguns versos, e as estrofes são separadas em um poema por uma linha em branco.

Verso

Verso é como chamamos cada uma das linhas que compõe um poema, independentemente de estarem agrupadas ou não. Também chamamos de verso a forma de escrita que não é a prosa.

Exemplo de poema

Poema de sete faces – Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

 pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs

Existem diversas formas para a representação do fonema /S/. Observe:

    Emprega-se o S:

    Nos substantivos derivados de verbos terminados em "andir", "ender", "verter" e "pelir"

    Exemplos:

      expandir- expansãopretender- pretensãoverter- versãoexpelir- expulsão
      estender- extensãosuspender- suspensãoconverter - conversãorepelir- repulsão

    Emprega-se Ç:

    Nos substantivos derivados dos verbos "ter" e "torcer"

    Exemplos:

      ater- atençãotorcer- torção
      deter- detençãodistorcer-distorção
      manter- manutençãocontorcer- contorção

    Emprega-se o X:

    Em alguns casos, a letra soa como Ss

    Exemplos:

      auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, trouxe

    Emprega-se Sc:

    Nos termos eruditos

    Exemplos:

      acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc.

    Emprega-se :

    Na conjugação de alguns verbos

    Exemplos:

      nascer- nao, naa
      crescer- creo, crea
      descer- deo, dea

    Emprega-se  Ss:

    Nos substantivos derivados de verbos terminados em "gredir", "mitir", "meter", "ceder", "cutir" e "primir"

    Exemplos:

      agredir- agressão
      progredir- progressão

      demitir- demissão
      transmitir- transmissão

      remeter- remessa
      comprometer- compromisso

      ceder- cessão
      exceder- excesso

      discutir- discussão
      repercutir- repercussão

      imprimir- impressão
      reprimir- repressão

    Emprega-se o Xc e o Xs:

    Em dígrafos que soam como Ss

    Exemplos:

      exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar

Emprego das Letras G e J

Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem da palavra. Veja os exemplos:

    gesso: Origina-se do grego gypsos
    jipe: Origina-se do inglês jeep.

Emprega-se o G:

1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem

    Exemplos:  barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem

    Exceção: pajem

2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio

    Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio

3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g

    Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem)4) Nos seguintes vocábulos:

    algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem.

Emprega-se o J:

    1)  Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear

      Exemplos:

      arranjar: arranjo, arranje, arranjem
      despejar:despejo, despeje, despejem
      gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando
      enferrujar: enferruje, enferrujem
      viajar: viajo, viaje, viajem (3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo)

    2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica

      Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji

    3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j

    Exemplos:

      laranja- laranjeiraloja- lojistalisonja - lisonjeadornojo- nojeira
      cereja- cerejeiravarejo- varejistarijo- enrijecerjeito- ajeitar

    4) Nos seguintes vocábulos:

      berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje, traje, pegajento

Emprego de X e Ch

Emprega-se o  X:

1) Após um ditongo.

    Exemplos: caixa, frouxo, peixe

    Exceção: recauchutar e seus derivados

2) Após a sílaba inicial "en".

    Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca

    Exceção: palavras iniciadas por "ch" que recebem o prefixo "en-"

      Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro), encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)

3) Após a sílaba inicial "me-".

    Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão

    Exceção: mecha

4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras inglesas aportuguesadas.

    Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu

5) Nas seguintes palavras:

    bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, etc.

Emprega-se o dígrafo Ch:

1) Nos seguintes vocábulos:

    bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.

terça-feira, 12 de maio de 2020


TRANSITIVIDADE VERBAL

Verbo transitivo

É o verbo que vem acompanhado por complemento: quem sente, sente algo; quem revela, revela algo a alguém. O sentido desse verbo transita, isto é, segue adiante, integrando-se aos complementos, para adquirir sentido completo. Veja:
As crianças
precisam
de carinho.
1
2
1= Verbo Transitivo
2= Complemento Verbal (Objeto)
O verbo transitivo pode ser:
a) Transitivo Direto: é quando o complemento vem ligado ao verbo diretamente, sem preposição obrigatória.
Por Exemplo:

NÓS ESCUTAMOS NOSSA MÚSICA FAVORITA.

ESCUTAMOS= Verbo Transitivo Direto
NOSSA MÚSICA FAVORITA= objeto direto

b) Transitivo Indireto: é quando o complemento vem ligado ao verbo indiretamente, com preposição obrigatória.
Por Exemplo: 

EU GOSTO DE SORVETE 

GOSTO=  Verbo   transitivo Indireto
DE SORVETE= objeto indireto
de= preposição

c) Transitivo Direto e Indireto: é quando a ação contida no verbo transita para o complemento direta e indiretamente, ao mesmo tempo. Por Exemplo:

ELA CONTOU TUDO AO NAMORADO.
CONTOU= Verbo Transitivo Direto e Indireto
TUDO= objeto direto
AO NAMORADO=objeto indireto
a= preposição



VERBO INTRANSITIVO

É o verbo que não necessita de complemento para ter sentido completo. 

Exemplo:
a) Nossos padrinhos chegaram.
b) Os animais morreram de forme.
c) Os bebês nasceram.


Uso do S e do Z

O emprego das letras S e Z pode levantar uma série de dúvidas. Isso acontece principalmente porque há palavras que são escritas com S, mas tem som de Z. Para te ajudar nisso, o Literalmente Português tem para você as regras, seguidas de exemplos e exercícios. Vamos começar?

Quando usar S

1. Nas palavras derivadas de outra que seja escrita com S.
Exemplos:

asinha - asa
atraso - atrasar
frasal – frase
paralisação - paralisar
pesado - peso



2. Nas palavras cujos sufixos indiquem nacionalidade, origem ou título (-ês, -esa), adjetivo (-ense, -oso, -osa) ou ocupação feminina (-isa).
Exemplos:

português, portuguesa
camponês, camponesa
espalhafatoso – espalhafatosa
duquesa
poetisa


3. Depois de ditongo.
Exemplos:

coisa
faisão
maisena
Neusa
repouso


4. Nas palavras que decorrem da conjugação dos verbos pôr e querer.
Exemplos:
Eu pus.
Se eu pusesse.
Quando eu quiser.
Eles quiseram.
Se eu quisesse.

Quando usar Z

1. Nas palavras derivadas de outra que seja escrita com Z.
Exemplos:
deslize - deslizar
enraizado - raiz
gozo - gozar
realização - realizar
vizinhança – vizinho

2. Nas palavras cujos sufixos -ez, -eza formem substantivos abstratos a partir de adjetivos.
Exemplos:
sensatez
timidez
dureza
grandeza
moleza

3. Nas palavras cujo sufixo -izar forme verbos.
Exemplos:
atualizar
canalizar
economizar
eternizar
simbolizar

4. Nas palavras cujo sufixo -ização forme substantivos.
Exemplos:
atualização
colonização
modernização
realização
utilização

Substantivos: exercícios

  Exercícios 1.     Leia as frases abaixo e sublinhe todos os substantivos. Depois, classifique cada substantivo como comum, próprio, conc...